Festival Ngeya começa amanhã na cidade do Luena
A cidade do Luena, província do Moxico, acolhe amanhã e sábado, a primeira edição do Festival de Dança e Música tradicional da região Leste, uma iniciativa da Sociedade Mineira de Catoca, visando o resgate dos valores culturais daquela região.
Denominado “Ngeya”, termo usado para manifestar o sentimento da alma através do som de vários instrumentos musicais tradicionais, o festival abre amanhã, no largo defronte ao Complexo Turístico do Monumento a Paz, no Luena, com desfile dos grupos de vários estilos de danças.
O assessor de Comunicação Institucional da Sociedade Mineira de Catoca, Pedro Capumba, em entrevista ao Jornal de Angola, explicou que as danças e músicas a serem exibidas no Ngeya vão representar as manifestações culturais que caracterizam este povo e apelar a sua preservação para as novas gerações.
O também coordenador do festival afirmou que a edição realizada no ano passado na Lunda-Norte foi considerada a número zero, por ter sido uma experiência que deu outra visão e maturidade ao grupo técnico em termos de organização.
Pedro Capumba afirmou que a edição Zero não teve nome próprio e pela diversidade de danças na região e por consenso dos Gabinetes provinciais da Cultura das três províncias, achou-se melhor denominar esta primeira edição de Ngeya, por ser o termo mais abrangente e transversal, invocado em todas as manifestações culturais.
Segundo o coordenador do festival, Ngeya deriva de uma expressão muito usada nas danças e músicas tradicionais que significa exaltação, euforia e expressão de sentimentos da alma que os antepassados usavam, para engrandecer o acto e alegrar-se do bem-fazer da pessoa que está a dançar.
A edição experimental, de acordo com Pedro Capumba, foi realizada num único dia, sublinhando que houve uma grande inovação neste certame que depois da abertura do evento, seguir-se-á uma palestra com o tema “Sona” (sinais ou escritas) usados pelos ancestrais, que na sua opinião precisam de serem transmitidas às novas gerações. No cumprimento do programa de actividades, no dia de amanhã está, igualmente, reservado a realização de um encontro denominado “Oficina cultural”, que vai contar com a participação dos fazedores de opinião, escritores e historiadores, para incentivar a juventude a preservar a cultura, e no período da tarde haverá actuação de grupos da nova geração.
Para sábado ,no período da manhã, realizam-se visitas a locais turísticos e históricos da cidade do Luena, e seguido do desfile dos nove grupos das províncias do Moxico, Lundas-Norte e Sul e músicos e grupos convidados com destaque para Baló Januário.
Na óptica do coordenador do evento, o músico Baló Januário tem uma trajectória cultural muito rica, que ao se juntar a este festival engrandece em certa medida o mosaico cultural nacional.
Falando das datas para as próximas edições, Pedro Capumba esclareceu que estes eventos vão acontecer anualmente, entre os meses de Junho e Julho, aproveitando o período seco para não haver constrangimento na organização e deslocação dos participantes.
O coordenador do evento afirmou que não se trata de um concurso, por ser uma exaltação cultural em termos genérico, sublinhando que será difícil avaliar critérios de classificação dos grupos. “A organização achou por bem atribuir um valor simbólico de um milhão de kwanzas, para cada grupo principal, num universo de nove grupos, e 500 mil para os grupos convidados”.